terça-feira, 9 de outubro de 2007

Marcas

Não.

Não tenho mais os desejos
inconseqüentes
Dos meus quinze anos.

Nem a certeza,
Quase dormente,
De que tenho certeza
Sobre alguma coisa.

Não,
Não tenho.

Não.

Não posso
Dar-te agora
Nada mais
Do que não tenho.

- o meu mundo
É overdose,
confusão
De sentimentos -

Agora,
dou-te
O que antigamente queria
E não pude.

Porém sem a rebeldia,
Sem a beleza
(há muito perdida),
E sem os planos
inexplicavelmente
Maravilhosos,
Tão miraculosamente
Planejados um dia.

Dou-te colo,
Desses feitos
Pra dormir
E sonhar.

Dou-te
A confiança
De que estarei aqui
Quando o dia acabar

Dou-te a paz
De quem
Não quer a dança
Por temer o abismo.

Dou-te a paz
Da maré baixa em
Mar antigo.

Dou-te
aliás
Dou-me.

Tenho
As mãos marcadas
Pela idade
E pedaços
De sorrisos
Que perdi nas ruas.

Mas, ainda
Tenho no peito
A calma, a serenidade.
E a alma
intacta
De uma deusa nua.

Toma-me,
Sou tua.



(Jessiely)

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