sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Segredos






*



O rio sussurra
Durante a passagem
Silêncios inabitáveis


Só aquela flor
Desbotada,
embalde
Conhece os mistérios

Que
vão, vão.

Em sua eterna
susceptibilidade


As águas mansinhas
E turvas
Oriundas de tantas
fúrias
Não conversam
Com o mundo
Em meio à escuridão.


Apenas aquele resquício de vida
Minúscula e descolorida
Contém os amores
E as esperanças perdidas
Que o rio sussurrou


- Dos trigais a deitar
Com a força do vento
Dos moinhos
Dos filhos
Dos mananciais
E o choro de Deus
Que serenou tantos cais -


Descalça
naquelas
águas
Nada ouço: o segredo emudeceu.


Que seja!


O que passa
Guarda um silêncio
fadado àquela
flor que o vento enleia e que não saberá
nada além que seu próprio passado.

Eu
Fico às margens

Sem compreender
O ciciar
Do rio


Mas posso esperar
Meu futuro
De olhos fechados.



(Jessiely)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Monstros


Caminhe devagar pela casa
do meu peito para não acordar
os monstros que espreitam
e tentam me assustar


Dizendo que o seu olhar
partiu e que não vai voltar.


Cuidado !
Meu teto é antiga construção
arquitetada por loucos em fuga
do meu coração,


Pise vagarosamente
não faça barulho
não ceda à tentação,


Mas, deixe ao léu com raiva perturbadora
cada pedaço de mim
que se deixou consumir por você,


Prossiga!
porque a estrada é nua
e seus passos certeiros
traçam o percurso que só você poderá construir
ou perecer,


Meu rumo está devastado!
Seus passos perdem-se aqui,


Mas, ao menos sussurre que me ama,
e não me deixe dormir.


(Jessiely)