quinta-feira, 24 de julho de 2008

Das memórias



*



Amanheci de chuva
sem muita manha, sem cultura,
p´ra compor uma obra-prima
que saísse qual mormaço
numa manhã de brancura.

Desde que a voz não fosse a minha
e que tu lesses a partitura.

E até escrevi a melodia
como uma coisa miudinha
que se encolhesse com o vento.

Ipê branco até chorou
quando ao canto se juntou
a velha dor arrastadinha

"... Foi numa claridade dessas
que pegado na mão dela
destilei amor
numa manhã

águas claras
e campinas
ela cheirava a coisa antiga
a terra doce, a avelã

E aquele Sol afogado
na terra morta que escorre
do pé de serra
fim de dia...

Morreu na canção que deixo
marcada aqui , rasgada a seixo
Onde faz sombra,
calor que míngua.

Na esperança tão vazia
Que ela cresça, véu branquinho
como bibelô, brinquedo

para saber que a amei tanto
naquela manhã apagada
quando contei-lhe meu desejo

e ela sorriu tão branco
tal qual a flor do Umbuzeiro..."

Passarinho bateu asas
brotou plantação de lágrimas
de saudades e de memórias

Chorei caatinga, sertanejo.



(Jessiely Soares)

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