quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Prometeu Sem Coração ( André Espínola)





Com pés e mãos acorrentadas
Às rochas montanhosas,
De alguma região geográfica esquecida do globo,
- talvez inexistente,
ou existente apenas em mim mesmo -
Vejo o passar da noite,
O amanhecer e o crepúsculo do dia.

- a lua é sempre
a melhor companhia.
passo menos tempo com ela,
já o sol, cega,
demora, queima
e destrói minha harmonia -

Não roubei a faísca do fogo dos deuses,
Nem mereço ser prisioneiro de um monte
Para sofrer diante de tal suplício,
Ficar inerte, preso ao chão,
Vendo uma águia vir do horizonte,
Pousar em meu peito, rasgar-me com seu bico,
E vê-la, saciada, devorar meu coração.

Antes fosse um fígado!
Pelo menos teria ainda um coração...


(Autor: André Espínola)




http://andreespinola.blogspot.com




* Por ser tão linda, tive que furtá-la dele.

1 comentários:

Jessiely Soares disse...

O poeta é grandioso.

Senti saudades dessa poesia.