terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sobre o Rio Paraíba e a saudade

*

 

Aquela fumaça
- clarão assolando
o meio da mata -

E a placa no meio do barro
que teima em fingir-se de estrada

"Ponte interditada"

Não faziam sentido.

"Acesso a um carro por vez
a ponte do Rio Paraíba.
Peso controlado.
Perigo."

Mas, como? Se meu corpo,
sem contar os adicionais,
pesava por todo o espaço.

Por gosto, guardei no meu peito
seus passos indecisos
e as lágrimas da pequena
por sua ausência.

Enquanto a poeira cobria
aquele sorriso escondido
que nossos rostos fabricam
entre o olhar e a reticência

Eu, atravessando as queimadas
e as pontes desativadas
fui fiando o caminho

fazendo trilhas na noite
da eterna distância ingrata.

Enquanto a cana de açúcar
prevendo a morte da ponte
Queimava para iluminar a estrada.




(Jessiely Soares)