quarta-feira, 22 de abril de 2009

Duplicidade


Ela se tinge
bela
de tecidos
e esperanças
em castellano.

Um século
de pequenas
parcelas
de sangue em pires,
de planos cartesianos.

Eu apenas miro-a do espelho
penso que sou o reflexo dela,
que
maquiada,
vestida de pó,

cocar
e
linha
com canela

fuma os pequenos pecados

enquanto eu, suando algemas,
sou apenas
selva,
holograma
e insígnias

O corpo é meu.

Noite fingida,
até isso fantasiaram
de medo,

a ciência anda tão provocativa...

Fatos e desafetos
andando pelas calçadas

ela,
de manhã transfigurada
acorda
em passeata
furiosa
e etílica

O seu cheiro mora em meu corpo
sou feita da sua erva.

O corpo é meu,
visita a Igreja,
museus e ruínas...

A alma é dela
me olha do espelho
e se tranca no quarto
de cima.

Ela sou eu.

Eu sou ocaso,
ela minha alma,
estranha aparição,

escondida pela minha sina.



(Jessiely Soares)

4 comentários:

Pio disse...

nunca conheci ninguém tão talentosa qnt vc.

robson disse...

metade da metade que nos comflitamos constantemente sublimes versos
ainda Buarqueando

lena casas novas disse...

Vc está linkada ao meu portal. Sucesso com o Blog!!

André disse...

A sua poesia é muito lírica, psicológica também e, ao mesmo tempo, simbólica. Transcendental, seria? pouco importa, eu gosto de ler o que você escreve. Escreva sempre.

Saudações poéticas.