quarta-feira, 22 de abril de 2009

Hemotoxia (Mjúlia Pontes e Jessiely Soares)


Não, eu não vou parafrasear Chico,
Embora caiba, não me é direito,

Nem procurar nos blues de Djavan
O que não desperdiçarei tal Caetano

num gesto de quem encontra a fuga,
no rastro de amor e abandona a ilha
por seu peito

Não, eu não vou tentar expressar.

O que seria maior do que ficar na sua pele
Feito tatuagem?

Um dia pedirei perdão a Chico.
E tingida de ternura ainda serei poema
com nuance
E tingida de poemas ainda serei nuance
Com flor de tinta.

Eu sinto você correndo em minhas veias,
Músculos, retina,
epiderme em ardor desatinado,

E queima, pulsa, muda canta a canção
Que inventou só pra me encantar,

No nosso pé que brotou Maria
Nasceu arco-íris em chamas lilás,
numa estrada pura,
na madrugada que ainda não morreu.

Entendo, você ainda não sabia,
Que seria amor o que já doeu,
na manhã, das nossas vidas...

A minha íris precisa da luz
que emana de tua voz.

Perceba, querido,
pelo gesto que ainda sobra das manhãs e do breu,

todo o passado se envenena:

A verdadeira Maria, sou eu. 
 
 
 
 (Mjúlia Pontes e Jessiely Soares)
 

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