terça-feira, 12 de maio de 2009

Refaz-me


Ó, noite, não tardes, vinga!
E recai sobre minha cama,
traiçoeira

Deixa em meus lençóis
Leituras marginais

E espalha meus desejos
Como areia

Impassível,
Luz na qual me perco,
destrói toda razão
a qual me presto

Arranca
Minha língua do deserto

Faz-me recriar
A incontestável arte

Desenha
Tatuagens de Sol
Com átomos

E faz companhia
A minha ilegalidade.

Como os sonhos
indevidos
Que me bastam

Como manuscritos
Do Mar Morto
E sua fragilidade.

Não tardes
Ó, Noite,

Refaz-me.


(Jessiely Soares)

1 comentários:

Suka Neves disse...

Nesses versos eu me perco e me acho...As palavras voam soltas e nesse misto de simplicidade e loucura me encanto cada vez mais
Parabéns a mim pela leitura