quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cantos para o infinito








Nada cabia ali.
E ao mesmo tempo, cabia um rodopio de ares e gaivotas.

Devagar, com a singeleza dos pequenos afetos, eles se iam e voltavam como marés.
Algumas canções e pingos de água salgada dos cabelos dela, assentavam na areia dos pés dele.

Eram, de repente, soltos em meio a tanta conchas, um veleiro. Com panos de cobrir a vida.

Jovens, decerto, porque ainda eram tingidos com as nuances da inocência.
E todo o paraíso ainda era de nuvens tamanhas que adivinhavam aviões.

E ela nunca havia navegado no Pacífico.
E ele nunca havia visto o Sol nascer no Atlântico.

A vida era uma boca de engolir sonhos, no meio do mar morto, sais de todos os tipos agrupados nos olhos.

E a liberdade cheirava a coisas sublimes.
Eram finalmente dois navegantes das areias infinitas.

Além, muito além do ancoradouro.


(Jessiely Soares)