terça-feira, 17 de maio de 2011

Do desgosto

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Antes da nevasca, eu costumava deitar em seu colo.
Lembra ainda como era a sensação?

Valsávamos então por todas as estações:
Curado, Tejipió, Afogados...

Apostando com Newton.

Hoje eu pego um ônibus lotado, contando os minutos que faltam
para chegar a Universidade
para sair da Universidade
para deitar, trabalhar, voltar ao ônibus lotado.

Não quero parar.
Não quero nem pensar em parar.

Espero que depois da última dança, quando essas estações passarem por você,
- mesmo que seja a de Joana Bezerra,
- mesmo que não esteja sóbrio,
você ainda possa me ver, sentada num daqueles bancos,
contando as
                             horas,
  as                         horas,           as
                              horas,

lhe esperando aproximar-se e me dizer,
com aquele sorriso de menino, com aquele cabelo assanhado:



Venha,

vamos pra casa.






(Jessiely Soares)

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