quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Quase aos Seis Anos



Amamentei por muitos anos.
Criei uma menina ao seio e isto me orgulha

Hoje,
ela adormece sozinha
dando boa noite
e recomendando que eu me cubra
para não sentir frio.

Ela está no quarto ao lado

não há risco,
mas eu sinto tanto a sua falta
que corro para sua cama
e ainda canto alguma musiquinha.

Tem horas em que vê-la crescer
dói.



(Jessiely Soares)

1 comentários:

Ricardo Fabião disse...

Conheço bem esse lugar, essa dor sem precedentes de enxergar o mais sublime e recolher-se pequeno no fundo das coisas;

Diante da altura que tem viver, nossa vertigem, tão louca, vem nos ninar a noite, põe cobertores para que menos entendimento nos seja dado em seguir adiante.

Há uma frase em "A cartomante", de Machado, que bem descreve isso:
"o presente que se ignora vale o futuro"

E agora algo que me veio:

Que venha a vida enquanto finjo que durmo, para que, com tanta curva e precipício, ela me pareça somente um sonho. Depois disso, que eu acorde a juntar mais sono para mais existir.

Beijos.
Ricardo.