quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Recomeço



Setembro de um ano qualquer
na janela para o poente.

Ele não fez segredo,
não fez sermão, não fez gestos grandes.

A porta abriu devagar
e o mato entrou pelo avesso do tapete,
não há grandes singelezas no mato
como também não há singeleza em aranhas marrons.

Ao contrário do vento há uma torre
e do lado contrário da torre
uma floresta de eucaliptos que gastam muita água.

As flores no batente indicam caminho
as roxas querem dizer que sente saudade
e que já sente muito pela ausência.

O bilhete não é necessário
tal qual não é necessária assinatura.

Para certas coisas, basta o rastro, basta o faro
bastam as pistas.

Para grandes amores
basta apenas um aceno
e tudo que há lá dentro
vai se abrindo em gomos, em gomos, em gomos
até dar semente.

O amor é isso
uma eterna repetição
do primeiro pé de planta inventado em vaso de barro.

Há de ser pérpetua,
mesmo que seja diferente a cor da flor,
a repetição da raiz.


(Jessiely Soares)


0 comentários: