quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Dos enganos da vida



*


Vês essa pétala
que sem cor e sem vento
acordou sozinha?

Há mais do que medo
nessa eterna aventura
que tira a vida e a recria,
perdida.

Há dor,
Há saudade,
Há pétala,
que partindo,
se despede
incerta
e
vai.

Não alcançará mais jardins,
nem rios,
nem outro jasmim,
nem carroça ou lagoa.

Mas,

bailará com o vento,
com tal sofrimento,
que até a vida atordoa!

Se cai,
se ri,
se chora,
Se voa,

Não se sabe,
não se sabe.

Morreu esta pétala
que um dia foi flor...
sem medo ou angústia

Em inércia profunda

Apaixonada
Pelo vento
deixou-se levar
- iludida -
num último pôr de sol
de uma tarde
pérfida

Vês, filha?

Vês essa pétala
que sem cor e sem vento
acordou sozinha?


(Jessiely Soares)

Do amor que não entende


O meu amor
não entende de medidas,
nem de distância nenhuma.

Nem mesmo conhece
a nuvem,
que de tão alta,
não se perfuma.

Não sabe guardar
segredos,
não entende de medos,
não teme as ausências
e por isso,
não agoniza, perdido,
nas tristes noites da rua.

O meu amor
é inteiro
enquanto é dividido.

Dessas angústias ele não entende,
nem de dores
ou de tristeza alguma.


(Jessiely Soares)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Dos desejos







*


Teus olhos percorrem soltos
As letras
Que tatuam teu nome

Gravadas com partículas vítreas
Em minha válvula cardíaca

Entre espirais de fogo
Azul
De células desvirginadas
Que morrem
No meu horizonte.

E ventos que arrebatam pérolas
Enquanto o êxtase consome
(a vida)




(Jessiely Soares)

Dos desenhos



Desenho flores como espinhos
sombreadas com alucinação

Planto sementes de
medo
que irão resultar
em paixões

Rasgo pulsos como
gatos
que rasgam a lua cheia.

E de pés descalços
trago passos
para a madrugada
derradeira.


(Jessiely Soares)

Do amadurecimento


*

Vou redesenhar os mapas
perdidos no limbo
da minha memória
falha.

E enxugar as goteiras
da minha pele
nas areias
espalhadas
pela estrela primeira

nos monte alheios
da noite fechada.

E não mais regredir passos
nos espaços escalados
por algum cego indeciso;

Creio porque quero crer
milagres não me seduzem

Envelhecer é ofício divino.



(Jessiely Soares)

Dos pecados.



*


Todo verso
carrega consigo,
como poetas
em pleno cio,
farsas, dores e pecados

palavras que singram sem rumo,
altas doses de absurdo,
desejos mudos e surdos

e um
eu te

a

_____/

__________mo

rasgado





(Jessiely)

Da inspiração



Seu olhar causou
arrepio
E a noite sumiu
Passou.

Agora sou só a sua imagem
repetida
Em prosa,
Poesia

Versificando
Dor.

Do samba e luz dos olhos



Teus olhos
Refletem raios solares
Sobre a terra fértil
Do teu rosto

Teus lábios
Respondem a apelos secretos
E o samba embala...
Me embala.

E pena que Noel
Não saiba
Que roubo o samba que te lembra
Todas as noites antes de dormir...

"Faço junto do piano esses versos pra você
Esses versos pra você, esses versos pra você"

E adormeço fingindo
Que te tenho aqui.

(Jessiely Soares)

Das nuvens e inocência



Separo
A dor das visões
Que me prendem
E me dilaceram


Divido
As pressões inatingíveis


As horas
desenham
O tempo

Que coloca em
movimento
Os meus
muros
e
divagações


E finjo-me criança
Enxergando de novo
Carrosséis em nuvens

Sem imaginar
A tempestade que se aproxima.

Da solidão e tristeza


*

Calada
Nessa casa vazia de almas
E tão cheia de gente
Pessoas que vão e vem
Somente.


As horas passam
E ninguém nota
Que estou sozinha


Um eco sem pudor
impera
O ambiente claro
Irrita os olhos sensíveis
Do coração


E o espelho reflete
atrevido
A esfinge que sou


Dos olhos pra fora.


(Jessiey Soares)

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Dos versos e insônia


Dorme.


Que teu olhar
cerrado
Abre de outro lado
Uma janela
Modesta.


E Enquanto


Eu sento
E escrevo sozinha
acredite
Sou o fio de luz
Que te banha
Pela fresta


Da tua persiana
Entreaberta.





(Jessiely Soares)

Da suavidade do teu sorriso



Não acho motivo algum
Para definir
As vidas
entrelaçadas


Nem todos os filósofos do mundo
Compreendem nossas páginas recém riscadas


Como nenhum dos sorrisos
noturnos
Podem sorrir com tanta suavidade


E não desejo objeções
Sonhos,
Palavras ou
frases


Sou apenas
Pardal brincando
Em tuas manhãs
Enevoadas.

(Jessiely Soares)

Da Partida



Não havia moinhos de vento
Nem devaneios visíveis
A olho nu


Só você segurando meu olhar
Como quem sustenta nos braços
Os hemisférios
Norte e sul.


E o céu como
Quem quer calar
Para não se envolver
Nas bocas que a vida separou


Deixou-se chover
suavemente
Entre nuvens dormentes
Mas não ficou azul.

(Jessiely Soares )

Do Nascer do Sol





Os dois sob o Sol
são
poemas
do acaso

Corpos, somente

que envolvidos
são abraços

espíritos
reféns
numa centelha

e o universo
insinuando-se
calado



(Jessiely Soares)

Sobre Versos e riscos


Vem

Escreve teus versos sobre a maré

Essa que desatina louca

As vertentes do fogo

E que instiga os sonhos

De quem se atreve

A perder seus versos

Nas vagas

leves


Segue

Que a noite é curta demais

Para os desenhos na areia

Para a grafite no muro

Para a nudez da lua


Pára de respirar e

Faz os versos bandidos

Nessa claridade crua

De desenhar sensações

Em rabiscos de palavras


Descansa

Mais leve agora

Depois de parir

Tua verdade obtusa

Nesse rodopiar seco de mundo

E estações de rádio


Agora


Dorme


Depois da mensagem

Jogada

E o risco de teus sonhos

Vai durar o bastante pra acalentar meus devaneios.


Até outra lua

Recriar a cachaça

Que embriagará outros amantes

Numa esquina

Ou sobre as pontes

Que cortam a cidade

De muitos artistas com sonhos bêbados.


(Jessiely Soares)