terça-feira, 20 de maio de 2008

Noites e pedras


Por essas ruas, por essas luzes amarelas...
Fui deixando pequenos contrastes
- amor e pedra -
por passos não contados no caminho

Medindo
sob estrela e a aquarela
sob o canto do bêbado e a espera
o rubro alvorecer no céu antigo

Conjuguei em versos tais,
- de universo e outros vinhos -
a certeza da entrega
em cálidas noites
de serenos antigos demais...

Os passos não contados
que ficaram de tantas vidas
já não cabem...
nem nessas luzes - segredosas de passados -
nem nessas pedras de rua
de madrugadas imortais.


(Jessiely Soares)



*Foto do Recife Antigo:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=518469

sábado, 17 de maio de 2008

Prematuridade


Prematuridade




Nesses dias de ocaso
ao meio-dia
em que tudo lança, fere, sangra, mata

me deixo em pedras frias na calçada
na esperança de chocar-me
contra o vento

Nesses tempos
em que tudo morre, tudo esfria
desenho a última dor da poesia
que se deixa adormecida ao relento

E por horas, inocentes e mostruosas
espero tua voz
vir me carregar antes do Sol...

Não é o que me dizes que me dói
a minha dor é porque tu não
me salvarás à tempo.


(Jessiely Soares)

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Contrastes


Eu tenho, nas horas vagas
criado constelações com teu perfume
e em teu nome, feito explosões
em minha galáxia...

Mas no dia-a-dia nublado
há certos momentos
em que tua luz não me acha.

(Jessiely Soares)

Poesia enferma


Em todas as odes
que eu nunca fiz
sempre me faltaram duas:

Uma que me faça partir
e outra que me pragueje a cura



(Jessiely Soares)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Explosões


*


Quando teu sorriso cai
na boca da noite

me foge o verso
e meio quilo de dissabores
por entre estrelas de mata fechada...

E se a noite não fizer nenhum sentido
ou se a madrugada
não adormecer contigo,

pinto teu olhar na alvorada.



(Jessiely Soares)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Das palavras esquecidas




*

Se fez luar tão rápido
Que não modifiquei o verso
Nem questionei teu abraço

Se fez luar tão rápido
Que tudo o que restou
não se deixou intacto
tampouco nos iluminou

Se fez madrugada?
Não vi!
Parti antes que a escuridão
Se perdesse de novo de mim

Ficaram pedaços?
Não sei

Guardei na memória:
O que errei,
Meus súbitos desejos
E a antiga dor agreste

Se fez noite
De repente
Em tudo que me disseste.


(Jessiely Soares)

Dos Olhos Tristes





Teus olhos tristes
me remetem
à última revoada

Sem tempo de despedir-se

Sem nunca
ouvir
a última canção

É como a primeira
folha que cai
ainda verde

ou como o último
passeio do trem
parado, agora,
na antiga estação...

(Jessiely Soares)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Do carinho


cai a noite
mais sombria
como véu em teu retrato

Assim sendo
amplio o mundo
colo no céu o teu abraço

Madrugáveis



estive pensando
no peso de duas estrelas
no vácuo do universo

e em dois dedos de boa prosa
com uma cachaça
no invernar do brejo

ao som de qualquer violeiro
ou dos causos perdidos
do velho Joaquim

e tudo que me faz feliz
mesmo nas horas loucas
de fogueira e violão

é eu gostar de você
e você, contudo,
também gostar de mim.



(Jessiely)

Das Angústias Noturnas