sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Bússola



Se seus olhos,
ébano,
flutuassem no meu corpo...

Pintura abstrata.

Desenho meticuloso
como
rastros no deserto
incêndio no canavial,
floresta fechada.

Como o meu destino
pra pouso

Em meio a
essa ausência,
intempérie,

bússola desnorteada

no teu sorriso
branco

de cordilheira e nevasca.

(Jessiely Soares)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Da índia que sou

*

Se apressares o dia
meu amanhecer de Flamboyant

Eu me faço
mistério,
Jaci,
Iara,
Guaraci,

se quiseres,
também posso
te fazer Tupã.

Depende do teu gesto
oblíquo

do canto de floresta,
do mito,

do teu vasto sorriso
como
flores de Sol

Caramurú...

da criação de tudo
do raiar
com que tu pintares a manhã.




(Jessiely Soares)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Riscos noturnos


.


Sendo sua voz algo segredoso
que mesmo junto as mentiras
jogadas em boa terra,

farão brotar bom tempo,

eu me recuso a entregar
o ouro ao bandido.

Deixo então,
engatilhado,
meu medo sobre a cristaleira
(embaixo do porta-retrato)

e as pequenas divindidades
espalhadas pela mesa de canto
onde se lê a lápide:

"Eis aqui meu tesouro perdido."

Teu silêncio,
com gosto de infidelidade,
ainda habita comigo.




*


(Jessiely Soares)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Brevidades.

Desde a sua partida
só o cheiro de relâmpago
ainda espalha seus raios.

A brisa assobia.
E é como se o vento ainda
quisesse me dizer algo...

Eu o espero.


       ~
              ~
                        ~

mas a noite agoniza...
e o vento passa calado.




(Jessiely Soares)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Da tua eternidade

*


Na praia
entardecida,
avermelhada,
morta e ferida

eu assisto
o espelho
da tua tarde.

das ondas, das areias,
das pedras com as quais converso

eu te reconheço,
adormecido,
num canto eterno

mesmo que sejas,
de uma sutil efemeridade...

Sempre que estou sozinha,
eu te desenho o mais perene,
dentre toda a eternidade.




(Jessiely Soares)