terça-feira, 28 de junho de 2011

Laços



Eu não sei o que o move.
Moinhos de vento, não são,
nem as corredeiras.

Talvez sejam algumas pancadas aflitas naquele coração nem antigo, nem jovem,
que bate desbaratado quando ele fica nervoso.

Só sei que agora eu o recoloco no meu caminho
com receio,
meio assustada,
meio achando que entreguei o ouro ao bandido
e que vou dar com os burros n'água.

Mas eu o coloco de novo na minha trilha
e advirto:

Olha, se for pra vida inteira, eu juro que fico.




(Jessiely Soares)

sábado, 4 de junho de 2011

Des-harmonia



Tenho ganas de chutar o pau da barraca
descer dos tamancos
jogar a verdade na cara de tantos
e sair pra encher a cara.

Tomar banho de chuva
e de bica
na volta embriagada pra casa.

Mas eu respiro
e tiro a carta do tarot
que me pede
urgentemente
mais diplomacia.

"Sol e Lua em estado harmônico"


Puta que Pariu,
até o Sistema Solar conspira?!



(Jessiely Soares)

Pergaminho






Dá-me Senhor, um caminho
a esmo
para o qual eu possa escrever dialetos, desenhar mapas 
e instruir minha bússola.
Viciar minha bússola
para perpetuamente seguir
as estrelas que precipitam-se para o lugar.

Dá-me Senhor, ainda que seja pequeno
estreito
frágil e desmobiliado, um caminho-difícil,
para que ao final eu consiga
aquietar meus sapatos,
os espíritos que andam ao meu lado
e minha blusa de algodão colorido.

Dá-me também, um pé de madeira nobre
com o qual construirei um berço
para povoar meu esconderijo
com sons e cheiros de bebê.

E uma clareira na mata, onde se possa deitar para ver a chuva vindo do oriente.

Ou, dá-me o caminho somente, 
que os demais
(os risos, as dores, as pedras,
as ferramentas, os ancestrais e os livros )
eu carrego nessa pele,
sem visto de permanência,
sem constituição de independência,
e nesse sorriso clandestino.


(Jessiely Soares)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Poema de viagem



          "...Depois disso, como sabemos, o tempo transforma crianças em adultos..."
                                   (Ricardo Fabião - O segredo da tarde sem luz)




Hoje a poesia faz aniversário

Ponho no beiral da janela algumas letras soltas,
algumas verdades boas e umas sementes de trigo.

para que suas mãos habilidosas
transformem matéria-prima
em um poema de vidro

em um poema céu aberto,
em um poema tempestade.

Em um poema de águas
para morar em rio tranquilo

Em um poema espaçoso,
com grandes campos dourados

Que de tão leve
que tão de tão claro
em um poema que de tão raro

reconstrua mundos antigos.




(Jessiely Soares)



Parabéns, poeta. Sua arte tem sido inspiração para muitos, porque arte não depende de tempo/espaço.
Gosto dos ares que você respira aí, das coisas que escreve daí, das músicas, dos versos para suas filhas e para sua esposa...

Sua escrita ilumina.

O prazer e o presente é nosso!