sábado, 2 de janeiro de 2010

Cárcere a céu aberto

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Eram pequenos trechos.
Miúdos como poeira.

Não se misturavam, é fato, tal qual Negro e Solimões; corriam de mãos dadas, mas sem entrelaçar os dedos (como se entrelaçáveis dedos de rio fossem) e tinham um hábito de não gostar de calmarias.

Eram ela e seus rumores.

Uma porção de tartaruguinhas singraram a areia, seguindo o instinto foram se conhecendo oceânicas. O mar era tão valente, elas tão pequeninas, o caminho vasto do desconhecido.

Seus rumores e as tartarugas recém-nascidas.

Se alguém agora conseguisse abrir seus diários de bordo, veria que nada mais havia que uma âncora lançada ao nada e uma contagem errada de vidas, num breve espaço, no alto da página quatro.

Seguiria assim, porque o medo fazia parte da matéria da qual era nascida. Ventos de mudança assanhavam-lhe os cabelos, mas mantinha os pés fincados na rocha por causa da inexistência de algas marinhas para enlançar-lhe as pernas.

Era única e não era valente; sem nau, uma viajante sem velas, numa duna pálida.

Bravias ondas de desertos.


(Jessiely Soares)

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